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Psicodália 2017: dia a dia

A fazenda acorda devagar, coberta por uma névoa. Aos poucos a agitação toma conta, os caminhos se movimentam, a rádio Kombi embala os banhos matutinos, as filas se multiplicam, alguém corta o ar na tirolesa. As oficinas são para os que já acordam animados, a yoga pra relaxar, os shows, para mais tarde.

No dia a dia da fazenda, dois momentos me marcaram. Primeiro o maracatu, onde todos se uniram seguindo a batida e por mais de uma hora dançaram num quase transe.

O segundo foi na cachoeira. Fui com amigos recém-feitos. Chegando lá, o silêncio! Não havia vozes. Ouvia-se apenas a água que caia e uns acordes lentos de um violão. Estavam todos estáticos, como num quadro barroco representando algum mito grego: a água caia lenta em algumas mulheres que se banhavam na cachoeira enquanto os outros apenas olhavam hipnotizados.

São vários os públicos. Há os antigos frequentadores, famílias com crianças, os que dormem o dia todo para curtir a noite até o primeiro raio de sol. E, o que é maravilhoso, não há conflitos. Há um Psicodália para cada um.

Ir ao dália foi como ir à cachoeira, extasiante, uma quebra no tempo e no ritmo da vida. Pena que após a quarta de cinzas vem a quinta-feira de trabalho: era nítida uma sensação nas pessoas deixando a fazenda na quarta pela manhã. Havia uma felicidade misturada com a melancolia por ter de ir.

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